Buenas pessoal.

Já queria ter escrito sobre esse assunto há mais tempo, porém essa semana um acontecimento me despertou intensamente o interesse na produção sobre esse tema.

Pois bem, escrever em um site onde o meu tema principal é marketing e vendas e falar sobre emprego e informalidade não é assunto-foco…mas se formos pensar, o marketing e as vendas e suas ações correlatas se desenvolvem em todos os âmbitos e em situações de trabalhos formais ou informais.

Estacionei em frente a um ginásio de Novo Hamburgo para um “encontro futebolístico” entre amigos.

Ao sair do carro, me deparei com um flanelinha, um senhor com seus mais de 60 anos e o diálogo foi o seguinte:

Flanelinha: Boa noite, o Senhor é novo aqui?

Horácio: Aqui aonde?

Flanelinha: Ahh, desculpe. Eu quis perguntar se é a primeira vez que o Senhor está vindo jogar bola nesse horário.

Horácio: Ahh, sim. É sim Senhor, porque?

Flanelinha: Ahh, certo. Bom, vou lhe explicar então como eu trabalho aqui fora. Eu cuido dos carros aqui, de todos eles, de qualquer tamanho. Comigo aqui, não vem ninguém chatear pedindo esmolas nem moedas e desde que eu estou cuidando os carros aqui, nunca mais aconteceram arrombamentos e roubos.

Horácio: Hmm certo.

Flanelinha: Só o detalhe é o seguinte, como eu sou uma pessoa de idade e aqui fora é frio e o serviço não é fácil, eu padronizei que aceito qualquer pagamento de R$ 2,00 pra cima. Pode ser em moeda mesmo, desde que seja de R$ 2,00 para maior valor. Menos eu não aceito porque não vale a pena pelo sacrifício.

 

Pois bem.

Confesso a vocês que foi surpreendente tanto a abordagem quanto o diálogo que se estabeleceu com o “tiozinho guardador”.

Mas essa é a realidade atual dos empregos e atividades informais.

Antigamente achávamos que, por se executar uma atividade informal, as rendas e recebimentos seriam também informais e não padronizadas.

Ledo engano. O que o mercado nos mostra é que os níveis de exigência de quem consome uma atividade ou serviço informal é proporcional aos níveis de expectativa de ganho das pessoas dispostas a desempenhar esse tipo de atividade e com isso, chegamos ao pensamento que deu origem ao título do artigo.
Recentemente tivemos a Construsul, uma feira do setor da Construção Civil e associados do segmento. Alguém tentou estacionar nas imediações dos pavilhões da Fenac? Preços de R$ 10,00 a R$ 20,00 eram praticados pelos guardadores nas ruas. Não estamos falando dos terrenos baldios ou terrenos sublocados ao redor de onde acontecia a feira, falo da rua, via pública onde teríamos, supostamente o direito de colocarmos nosso veículo em qualquer lugar.

Isso constata também que, além de estar padronizado, a prática informal, assim como a formal, oscila seus valores conforme a oferta e a demanda do serviço.

É claro que o objetivo desse artigo não é enaltecer as rendas informais, não é estimular a atividade informal nem nada do tipo, mas sim tecer um olhar sobre que, as atividades, sejam elas de que modo e por quaisquer objetivos venham se originar, existem, evoluem e adquirem longevidade porque apresentam valor.

FLANELINHA 03

Simplesmente valor de consumo, valor visível, palpável, factível.

O chamado valor percebido.

E por isso, para valorizar o trabalho oferecido ele também é padronizado.

Pensem nisso.

Aquele abraço!